Nesta quinta-feira, 24, mais uma vez José Luiz Gandini, presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), criticou a elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e, especialmente, as declarações de Guido Mantega, ministro da Fazenda, que no dia anterior afirmara que a medida foi um sucesso e que houve anúncios de grandes investimentos estrangeiros no País, após seu anúncio.Segundo Gandini, a ação desfavoreceu a competição no Brasil, o consumidor e ainda infringiu normas internacionais de comércio. “O Governo, erroneamente, não considerou ou mesmo entendeu o impacto da globalização desta indústria, que tem se pautado no desenvolvimento de plataformas globais, adequação dos veículos dessas plataformas para cada mercado e região e complementação de portfólio de produto para segmentos específicos com veículos de regiões complementares”, declarou.
O executivo ainda afirmou que dentre os nove projetos de instalação no Brasil, apenas um foi anunciado após a mudança de legislação. “Projetos da Chery, BMW, Suzuki, Hyundai, entre outros, foram anunciados antes do dia 15 de setembro último. Até mesmo o da JAC Motors, protocolado na última semana, tinha sido amplamente noticiado antes do Decreto”, ressaltou.
O dirigente ainda discordou do argumento, de Mantega, dizendo que “os investimentos só ocorreram devido à ação do governo, Se não tomássemos esta medida, estes aportes iriam para locais onde estão manipulando câmbio e taxas. Estamos preservando o emprego no País”. O presidente da entidade usou como contra-argumento o fato das vendas globais atuais já superarem os números anteriores a crise de 2009.
“A capacidade instalada global já ultrapassou o limite sustentável de 80% de utilização e a ideia de invasão do mercado por fabricantes de outras regiões é um delírio. Muito provavelmente, a presidente Dilma Rousseff não recebeu estudos mais completos do setor no Brasil, pois se considerarmos o total de 677 mil veículos importados de janeiro a outubro deste ano, 75,23% foram importados por associadas à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), e 24,36% por filiadas à Abeiva (outros 0,41% por importadores independentes)”, criticou Gandini.
Outro ponto atacado foi o fato do Brasil não conseguir exportar, segundo, o executivo: “o real motivo de o Brasil não conseguir exportar é o fato de que, ao contrário de outros polos produtivos, como China e Coreia do Sul, não investiu nos últimos anos em inovação e aumento do conteúdo tecnológico dos veículos. Esses fatores, associados à baixa ação do governo na sua função de regular o mercado de matérias primas, reduziu drasticamente a competitividade dos produtos nacionais. Assim, mesmo que tivéssemos câmbio mais favorável à exportação, as chances seriam mínimas e restrita ao mercado de baixo volume da América do Sul”, declarou.
Para o presidente da associação, não há mistérios para o déficit na balança comercial do setor automotivo, uma vez que o Brasil está cada vez mais trazendo autopeças de Argentina e México, que aparecem nos levantamentos como não importados devido aos acordos comerciais.
"O setor de importação de veículos acabados cresceu sim, mas porque o mercado mudou, o consumidor – mais informado e com maior renda – mudou e passou a desejar produtos melhores, com substancial aumento de valor agregado tecnológico”, finalizou.
"O setor de importação de veículos acabados cresceu sim, mas porque o mercado mudou, o consumidor – mais informado e com maior renda – mudou e passou a desejar produtos melhores, com substancial aumento de valor agregado tecnológico”, finalizou.
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