O Latin NCAP Programa de Avaliação de Carros Novos na América Latina realizou o segundo teste de colisão de oito carros de passeios presentes na América Latina e confirmou um alto risco de lesões fatais para os motoristas e ocupantes que implicam perigo de vida.
Os testes de impacto frontal feitos a 64 km por hora contra um obstáculo deformável, que simulava outro automóvel, comprovam que a segurança dos carros mais vendidos na América Latina é equivalente à dos europeus de 20 anos atrás. Os carros de “uma estrela” continuam dominando o mercado latino-americano.
Os novos modelos testados na segunda fase foram: Chevrolet Celta, Chevrolet Corsa Classic, Chevrolet Cruze LT, Fiat Novo Uno Evo, Ford Focus Hatchback, Ford KA Fly Viral, Nissan March e Nissan Tiida Hatchback.
O Latin NCAP está incentivando os governos, os fabricantes de automóveis e os consumidores na América Latina a dar maior prioridade à segurança veicular. E aconselha todos os compradores de carros novos a escolher apenas os equipados com airbag. O Programa incentiva os fabricantes a tomar a mesma iniciativa de forma voluntária. Também recomenda aos governos de toda a região a torná-lo um requisito obrigatório para todos os automóveis de passageiros para atender as recomendações da ONU quanto às normas internacionais de segurança.
Alguns modelos testados pelo Latin NCAP também têm demonstrado que níveis mais elevados de segurança dos veículos podem ser alcançados e que os fabricantes de automóveis estão respondendo positivamente ao programa. Os testes também destacam a importância do uso de cadeirinhas infantis.
Os testes do Latin NCAP foram realizados em duas fases desde 2010. O programa já testou sete dos dez melhores carros à venda na região. Os carros escolhidos para teste foram as versões básicas e populares do modelo disponível (sem airbags de série). Isto explica em parte o conjunto de resultados decepcionantes com apenas "uma estrela".
Airbags reduzem risco de lesões fatais ou graves
Os benefícios dos airbags são mostrados claramente nos resultados do Latin NCAP, tanto na primeira quanto na segunda fase. Em cooperação com os fabricantes, o Programa conseguiu testar carros adicionais com airbag junto com suas versões clássicas sem airbag. O estudo comparativo mostra que os veículos equipados com airbag podem atingir três estrelas e oferecer uma redução significativa do risco de lesões fatais ou graves.
Os airbags funcionam como uma almofada de segurança que protege automaticamente os ocupantes do carro em uma colisão. Trata-se de um sistema de retenção suplementar que deve ser usado junto com o cinto de segurança e não como uma alternativa dele.
O primeiro carro equipado com airbag foi a Oldsmobile Toronado em 1973. A Ford os transformou em padrão nos EUA em 1990. A Volvo introduziu o primeiro sistema de uso lateral em 1995. Os grandes fabricantes de veículos instalam, geralmente, airbags naqueles modelos que devem cumprir com os padrões de segurança estabelecidos pela ONU para impacto frontal e lateral. O custo de uma unidade de produção de airbag, em geral, custa menos de $50.
Na América Latina, onde não são aplicados os requerimentos das Nações Unidas, os airbags ainda são considerados opcionais em vez de padrão de segurança. Felizmente, na Argentina e no Brasil foram aprovadas leis que estabelecem o uso obrigatório de airbags em todos os veículos novos para 2014.
Deve ser melhorada a integridade da carroceria
Embora incluir airbags seja muito importante, não é suficiente. Os testes da Latin NCAP evidenciam carrocerias frágeis e incapazes de aguentar fortes impactos, além de estruturas perigosas que apresentam graves riscos de lesão e até de morte a seus passageiros, especialmente a região da cabeça do motorista. Modelos populares foram falhos em oferecer proteção adequada, sobretudo ao peito do motorista, mas também devendo muito em segurança às pernas e aos joelhos dos passageiros.
Os resultados apontam pontos fracos do desempenho estrutural de alguns dos carros mais populares da região. A integridade da carroceria é fundamental para proteger os passageiros e evitar que sejam feridos, mesmo com a presença de airbags. Uma carroceria estável pode contribuir também para a saída dos passageiros, que precisem de cuidados e resgate após uma colisão.
Portanto, é decepcionante o fato de que os testes da Latin NCAP revelem um número de carrocerias que falham na prova de instabilidade. É menos provável que esta falha aconteça em modelos que cumprem com os requerimentos da ONU para testes de impacto frontal.
Em ambas as fases do Latin NACAP alguns veículos testados obtiveram níveis muito melhores de segurança, similares com os níveis adquiridos na América do Norte e na Europa. São modelos mais caros. Na Europa até os carros mais baratos contam com airbags (motorista, passageiro e cortina lateral), e oferecem melhor segurança estrutural. Isso mostra que os maiores fabricantes de veículos sabem como fazer veículos com preços acessíveis que estejam de acordo com os padrões da ONU. Portanto, o Latin NCAP recomenda seriamente que esses padrões sejam estendidos a todos os países da América Latina.
Década de Ação das Nações Unidas 2011-2020
Reduzir em 50% o prognóstico de mortes em estradas para o ano de 2020 é importante agora que a ONU declarou a Década de Ação pela Segurança Viária. O Plano Global para a Década recomenda que os países membros das Nações Unidas regulamentem os testes de colisão no âmbito mundial, apoiando a criação de programas regionais de avaliação de carros novos, como o Latin NCAP, por exemplo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a região da América Latina e do Caribe apresenta o maior índice per capita de acidentes viários mortais no mundo. No ano 2000, a região atingiu um índice de acidentes mortais de 26,1 por 100 mil habitantes. Este prognóstico aumentará para 31,0 por 100 mil em 2020, e continuará sendo, por longe, a pior taxa do mundo e mais de três vezes o prognosticado para os países desenvolvidos. Os níveis de proteção para os passageiros na região são muito baixos. Na Argentina, por exemplo, 42% das mortes em acidentes viários são de motoristas ou passageiros.
Sistemas de retenção infantil são fundamentais para salvar vidas de crianças
Os testes do Latin NCAP também demonstram a importância de utilizar sistemas de retenção infantil, como as cadeirinhas. Nos testes de impacto frontal com barreiras, são posicionados dummies que simulam crianças, de um ano e meio e três anos de idade, no banco de trás do carro, num tipo de sistema de retenção recomendado pelo fabricante.
A pontuação depende do desempenho dinâmico do sistema de retenção nos testes de impacto frontal e também da afixação das instruções no próprio equipamento, assim como as etiquetas de advertência do airbag e da capacidade do carro para instalação da cadeirinha de maneira segura. Isso é importante já que a experiência mostra que o equipamento pode ficar mal colocado, se as instruções adequadas não estiverem disponíveis no equipamento e no carro.
O Latin NCAP publica uma classificação separada para a proteção infantil. Para atingir uma boa pontuação do ocupante infantil, deve ser obtido um bom desempenho na combinação carro-sistema de retenção. Esta combinação pode alcançar até cinco estrelas em proteção infantil. O Ford Focus e o Chevrolet Cruze obtiveram três estrelas em proteção para o ocupante criança, a pontuação mais alta atingida nas fases 1 e 2 da Latin NCAP.
Muitos usuários de sistemas de retenção não conseguem uma correta fixação do sistema ao carro; comprometendo, assim, a proteção da criança. O sistema ISOFIX oferece um método muito mais seguro para fixar o sistema de retenção infantil ao carro. O Chevrolet Cruze foi o primeiro carro testado pelo Latin NCAP a ter o sistema ISOFIX. O Latin NCAP recomenda que todos os governos da região permitam e promovam o uso do ISOFIX, de acordo com os padrões da ONU.
A Latin NCAP considera que os fabricantes são responsáveis tanto pelos ocupantes adultos quanto pelas crianças transportadas. Os testes demonstraram que há como melhorar. Alguns fabricantes recomendam cadeirinhas e assentos infantis para seus automóveis que não se encaixam bem devido, em grande parte, à geometria do cinto de segurança. Há casos em que há falhas nas instruções de instalação ou fraco desempenho dinâmico.
Os resultados dos testes do Latin NCAP ressaltam a importância da cooperação entre os interessados. Os governos devem exigir a utilização do sistema de retenção e adotar as regulamentações relevantes das Nações Unidas. Os fabricantes de cadeiras infantis devem prover ao mercado melhores produtos a preços acessíveis. Os fabricantes de carros devem assumir total responsabilidade pela segurança infantil, garantindo que todos os ocupantes sejam protegidos da mesma maneira, sejam crianças, sejam adultos. Sobretudo, são os pais os que devem compreender a importância de proteger seus filhos no carro, utilizar as cadeirinhas e assegurar-se de sua correta instalação.
Os resultados demonstram haver grande potencial para melhorar os níveis de segurança do passageiro nos carros novos na América Latina. Há muitos modelos líderes de venda da região que não cumprem com os padrões mínimos de segurança fixados pelas regulamentações da ONU. O mercado de carros de “uma estrela”, predominante na América Latina, tem um desempenho bem por baixo da capacidade da indústria automotiva. A Latin NCAP considera que os consumidores na América Latina merecem algo melhor e espera uma Década de Ação que transforme a segurança dos veículos que circulam pela região.
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