
A idéia de um engine swap não é muito bem vista por muitos,
mas aos olhos de outros é diversão certa (além de uma boa dose de
paciência budista e talento para quebra-cabeças). Quem decide encarar
uma adaptação destas, ainda mais utilizando um motor de outra marca,
normalmente está sujeito a duas situações completamente adversas:
satisfação pessoal e apedrejamento público (geralmente virtual)
público. But who cares?!
Em sua história mercadológica e nas competições, o Gordini deu show
com sua suspensão bem acertada, baixo peso e muita facilidade no
contorno das curvas. Uma matéria completíssima sobre a história do Gordini foi ao ar no Best Cars Web Site e narra com perfeição todo o histórico do modelo.

Quando Maurício Trommer encontrou este Willys Gordini IV, o que mais
lhe chamou atenção foi o estado geral do carro. A carroceria ímpar,
alinhada e bem conservada abrigava no cofre do motor um conhecido motor
VW AP de 1.800cm³. “A mecânica era toda zero km pois o antigo dono era
proprietário de uma autopeças. Mas a adaptação era péssima, tudo feito
nas coxas. O suporte do cambio estava prafusado no assoalho e chegou a
rasgar uma vez. O carro tinha radiador frontal no lugar do estepe, porém
não era nenhum pouco funcional e me fez perder um cabeçote por isso.” –
conta Maurício.
Negócio fechado, o carro foi direto para a MJV Garage. Na oficina ele
foi completamente desmontado e o motor AP foi alocado da maneira
correta para não prejudicar a estrutura e oferecer segurança (de época,
claro) como se fosse um veículo original. O motor não conta com nenhum
tipo de adaptação em sua instalação, exceto por um novo cabeçote com um
leve passe, o que elevou a taxa de compressão e melhorou levemente a
performance do pequeno e leve Gordini.
O antigo radiador frontal foi removido. Em seu lugar entrou um
radiador de VW Polo dos modelos equipados com ar condicionado (maior
capacidade de refrigeração) re-alocado no cofre do motor. Para ventilar
perfeitamente, dutos de captação de ar passam por debaixo do carro e
levam ar fresco ao equipamento. Uma ventoinha elétrica foi instalada
para reforçar a refrigeração.

A alimentação é dada por um carburador 2E completamente original que
bebe gasolina a doses moderadas, enquanto o câmbio é o mesmo modelo
utilizado nas VW Kombi a diesel com diferencial de SP2. Com isso, a
relação de marchas ficou bastante interessante para um carro tão leve
com um motor tão elástico.
A suspensão dianteira é original do Gordini, famosa por seu sucesso
nas pistas e mal falada devido à sua durabilidade, mas este exemplar
conta com todas as buchas em poliuretano, favorecendo a rigidez e
melhorando sua dirigibilidade. Na traseira, semi-eixos de Kombi
receberam pratos para apoio das molas com braços tirantes, conferindo um
ótimo equilíbrio ao conjunto. Os amortecedores dianteiros são os Série
Ouro de dupla ação amplamente utilizados na época, enquanto os traseiros
são derivados dos VWs Gol a água.

As rodas Binno de liga leve modelo “aranha” de medidas 7×14″ foram
pintadas de grafite e tiveram seus aros polidos. Para não ficar muito
“moderninhas”, receberam calotas de Ford Corcel (a Ford comprou a Willys
Overland do Brasil e utilizou boa parte das peças em modelos como o
Corcel I, então não encrenquem!) polidas para deixar o visual mais
equilibrado. As rodas foram calçadas com pneus radiais de medidas
185/60-14″ e transmitem uma ótima sensação de estabilidade para este
pequeno notável.
Finalmente, os freios dianteiros são a disco ventilado de VW Santana
com pinças grandes, enquanto a traseira utiliza tambores de Kombi a
diesel e param o Gordini com facilidade.

A idéia nunca foi ter um esportivo ou ‘canhão’,
apenas um carro com uma boa dirigibilidade, mecânica simples e
eficiente, que me permitisse viajar tranquilamente e usa-lo sem
problemas na cidade. Foi exatamente o que consegui. O motor quase não
sente os pouco mais de 700kg do Gordini. Na estrada, a relação de SP2
ajuda muito e a 120 km/h o motor ainda está em baixas rotações. Fazer
ultrapassagens apenas apertando pouco mais o acelerador é um sarro pois
os outros motoristas não entendem o que é aquele treco lhes passando!
O sistema de freio ficou perfeito, muito confiável e preciso. Não
cheguei a usar em casos extremos, mas com discos ventilados e um tambor
projetado para um carro de cargas, sem duvidas não irá dar fading.

A pintura foi refeita utilizando uma tonalidade existente na linha
VW, porém baseada na do Gordini 1093 (versão esportiva da fábrica). Mas é
ao abrir a porta que o simpático sedã recepciona seus convidados com
muito garbo e elegância. A forração interna segue basicamente a
padronagem original, apenas um ou outro detalhe foi modificado para
melhorar a funcionabilidade.
A forração dos bancos, portas e teto é original, sem qualquer
reforma. Os instrumentos do painel foram modificados para receber
leituras do motor VW AP e foram completamente aferidos. O volante Lenker
com aro de madeira torna o ambiente ainda mais clássico, com a ajuda do
carpete em tecido blouclê (em substituição ao plástico grosseiro
original), enquanto um radio AM da própria Willys agracia os olhos e o
saudosismo.


Boa parte da reforma deste Willys Gordini IV de 1968 pode ser conferida no álbum virtual
que Maurício montou para mostrar como foi seu trabalho. A qualidade
empregada na reformulação deste clássico foi reconhecida inclusive em
alguns encontros de Hot Rods e veículos antigos, concedendo ao carro
alguns prêmios e congratulações.
Infelizmente a vida tem outros caminhos e alguns projetos devem
seguir para novas mãos para que novos sonhos possam se tornar reais.
Maurício resolveu abrir mão de seu Gordini em detrimento de novos
objetivos e coloca à venda seu xodó por R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), já com motor cadastrado, aprovação na ControlAr e diversão garantida!
Interessados podem entrar em contato com Maurício no telefone (11) 7763-6336 ou pelo email mjv_garage@hotmail.com
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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